quarta-feira

até um sempre

o coração voou, em direcção de sei lá onde, foi para perto de ti, e com toda a esperança de que cuidasses dele com todo o amor, e com todo o teu carinho. eu dei-te o meu coração, com a ilusão de que ia ser feliz contigo, de que ia ter um para sempre do teu lado. mas na realidade foi apenas um sonho entre uma ilusão. Eu sabia que a tua paixão por mim não iria resistir à erosão do tempo, ao frio dos dias, ao silêncio da distância. Há um tempo para acreditar, um tempo para viver e um tempo para desistir. eu fui feliz, em tempos, quando o meu coração te pertencia, enquanto ele estava inteiro, e sem medo de ser despedaço em mil pedacinhos. o tempo, não deixou que ficássemos juntos, o destino apenas queria que ambos fossemos felizes, separados. foram duas cartas lançadas para fora do longo baralho da vida. Podias ter-me dito que querias conjugar o verbo desistir. Demorei muito tempo a aceitar que, às vezes, desistir é o mesmo que vencer, sem travar batalhas. Antigamente pensava que não, que quem desiste perde sempre. Mas a vida ensinou-me o contrário. Hoje sei que desistir é apenas um caminho possível, às vezes o único que os homens conhecem. Contigo aprendi que o amor é uma força misteriosa e divina. Sei que também aprendeste muito comigo, mais do que imaginas e do que agora consegues alcançar. Só o tempo te vai dar tudo o que de mim guardaste, esse tempo, que é uma caixa que se abre ao contrário: de um lado estás tu, e do outro estou eu, a ver-te sem te poder tocar, a abraçar-te todas as noites antes de adormeceres e a cada manhã ao acordares. Não sei quando te voltarei a ver ou a ter notícias tuas, mas sabes uma coisa? Já não me importo, porque guardei-te no meu coração antes de partires.